segunda-feira, 28 de março de 2011

Árbitro relata objetos no gramado e explosivo na Arena Barueri


Guilherme Ceretta de Lima apontou problemas tanto pelo lado são-paulino, quanto corintiano no clássico de domingo, pelo Paulista

O clássico entre São Paulo e Corinthians, disputado na tarde do último domingo, na Arena Barueri, pelo Campeonato Paulista, pode trazer punições para as duas equipes. Guilherme Ceretta de Lima, árbitro na vitória tricolor por 2 a 1, relatou que objetos foram arremessados no gramado e que até um explosivo foi detonado ao lado da meta do goleiro Julio Cesar, do Timão.
Segundo o relato do árbitro, um copo com líquido foi atirado pela torcida do São Paulo em direção aos atletas do Alvinegro quando eles entravam em campo. Na volta do intervalo, Ceretta afirma ter recebido do preparador de goleiros do tricolor uma baqueta de madeira de instrumento musical, que foi atirada pela torcida corintiana. Ele ainda relata que um par de tênis e pedras de gelo também foram arremessadas no gramado do estádio.
Com isso, São Paulo e Corinthians correm riscos de serem denunciados pela procuradoria do Tribunal  de Justiça Desportiva de são Paulo (TJD-SP). O artigo 213, que dispõe sobre invasão e arremesso de objetos ao campo, prevê multa de R$ 100 a R$ 100 mil reais ao time mandante, por não interromper a ação. Há ainda o risco de perda de mando. As diretorias das duas equipes não se pronunciaram sobre o caso.

São Paulo fecha patrocínio com escola de idiomas até o fim do ano


Acordo será anunciado na apresentação de Luis Fabiano e cerimônia de homenagem ao goleiro Rogério Ceni

O São Paulo terá um novo patrocinador até o fim desta temporada. A Yázigi, escola de idiomas e cursos profissionalizantes, acertou um acordo com o clube paulista para estampar a sua marca até o fim desta temporada. O nome da empresa aparecerá nas mangas da camisa do time.
Os valores do acordo não foram revelados. O anúncio oficial será feito na tarde desta terça-feira, quando o atacante Luis Fabiano será apresentado como reforço do clube e o goleiro Rogério Ceni será homenageado pela marca de 100 gols na carreira.
Além da Yázigi, o São Paulo tem como patrocinador principal o banco BMG, acordo que não teve o valor revelado, mas que não atingiu os R$ 40 milhões pretendidos pelo clube.

Perto do Timão, Gilberto desfalcará o Santa Cruz contra o São Paulo na 4ª


Atacante não apareceu para treinar nesta segunda-feira, no estádio do Arruda, e empresário diz que multa rescisória será depositada nesta terça.

Animada com a ótima campanha da equipe no Campeonato Pernambucano, a torcida do Santa Cruz sofreu um duro baque nesta segunda-feira, às vésperas do duelo de ida contra o São Paulo, pela segunda fase da Copa do Brasil. O atacante Gilberto, grande estrela e artilheiro do time com dez gols marcados em dez jogos, está de saída. O jogador negocia sua transferência para o Corinthians e nesta terça-feira, a negociação deverá ser sacramentada.
Gilberto durante a partida do Santa Cruz (Foto: Pablo Rey / Ag. Estado)Gilberto durante a partida do Santa Cruz (Foto: Pablo Rey / Ag. Estado)
Gilberto ganha R$ 3 mil mensais, está no seu último ano de contrato e seus direitos federativos estão estipulados em R$ 390 mil. Esse valor será depositado pelo seu empresário, Luiz Ferreira, que depois tratará do acerto com o clube de Parque São Jorge.
- Dificilmente Gilberto vai permanecer no Santa Cruz. Estamos fazendo de tudo para que ele saia pela porta da frente – afirmou o empresário.
Corinthians e Gilberto já chegaram a um acordo financeiro e pelo tempo de contrato (três anos). O anúncio só não aconteceu porque o clube paulista espera pela oficialização da compra dos direitos do atleta por um grupo de empresários. Assim que isso acontecer, ele será repassado ao Timão, que terá uma porcentagem em caso de uma negociação futura.
Do lado do Santa Cruz, o diretor de futebol, Constantino Júnior, ainda vai buscará uma reviravolta. Com ajuda de empresários e ex-dirigentes, o clube oferecerá uma proposta de renovação de contrato, com o seu salário subindo para R$ 15 mil mensais, além de um pagamento de luvas de R$ 150 mil. Esses valores ainda são menores do que o que ele ganharia para ir para o Corinthians.
Zé Teodoro conversa com os jogadores do Santa Cruz (Foto: Marcelo Prado / GLOBOESPORTE.COM)Sem seu principal atacante, o técnico Zé Teodoro começou a preparar a equipe para o jogo de quarta-feira, contra o São Paulo, pela segunda fase da Copa do Brasil (Foto: Marcelo Prado / GLOBOESPORTE.COM)
Para piorar a situação, o outro atacante titular, Thiago Cunha, que já vestiu a camisa do Palmeiras, ainda se recupera de uma lesão no ligamento colateral medial do joelho esquerdo, sofrida no dia 9 de fevereiro, em jogo contra o Central, e não tem condições de jogo. Sem muitas alternativas, o técnico Zé Teodoro deverá formar o setor com Landu e Laércio.

São-paulinos admitem alívio com fim de tabu em clássicos com o Timão


Tricolor estava há 11 partidas sem vencer o rival. Depois dos 2 a 1 na Arena Barueri, jogadores revelam fim de período de pressão.

dagoberto são paulo treino (Foto: Gaspar Nobrega / Vipcomm)Depois de quatro anos sem vencer o Corinthians em um clássico, o São Paulo teve uma segunda-feira tranquila no CT da Barra Funda. Se antes os atletas evitavam colocar o tabu de 11 partidas sem vitórias sobre o arquirrival como algo importante, agora eles revelam que a queda do Timão encerrou um período de pressão por um resultado positivo. Com a vitória de 2 a 1 sobre o Alvinegro, o Tricolor chegou aos 34 pontos, a um a menos que o líder Palmeiras.
- Futebol se traduz em confiança. Estávamos há muito tempo sem ganhar do Corinthians e isso foi quebrado. O time esteve consciente taticamente e tivemos inteligência para alcançar o resultado – disse o lateral-esquerdo Júnior César.
Dagoberto, que chegou ao Tricolor logo no início do tabu corintiano, em 2007, admitiu que o longo jejum sem vitórias sobre o Corinthians o incomodava. Afinal, foram 11 partidas sem saber o que era derrubar o maior rival.
saiba mais
  • Luis Fabiano já treinou hoje no São Paulo 
- O São Paulo vem mostrando um bom futebol há longa data e (a vitória no domingo) foi mais uma amostra do que a equipe vem fazendo. A equipe está no caminho certo. Nesses jogos tem de buscar a vitória para dar moral no campeonato. O clássico é importante porque ficar muito tempo sem vencer atrapalha. Hoje estamos felizes, leves. Eu mesmo sentia muito esse tempo, porque nunca tinha vencido o Corinthians. Foi muito bom - disse Dagoberto.
O próximo jogo pelo Campeonato Paulista é contra o Mirassol, domingo, no Morumbi. Antes disso, a equipe tem um desafio pela segunda fase da Copa do Brasil, contra o Santa Cruz, nesta quarta-feira, no Arruda.

Antes de festa no Morumbi, São Paulo ‘esconde’ Luis Fabiano


Clube evita que imprensa tenha contato com atacante, que retorna ao Tricolor Paulista depois de sete temporadas na Europa

Luis Fabiano no treino do São Paulo (Foto: Luiz Pires / VIPCOMM)Luis Fabiano já circula como jogador do São Paulo pelas dependências do clube. Mas longe dos olhares e lentes da imprensa. Na tarde desta segunda-feira, o atacante esteve no CT da Barra Funda para trabalhos na piscina, mas todo cuidado foi tomado para que o momento não fosse registrado. Tanto que o acesso aos jogadores que faziam trabalhos de musculação na academia do time só foi liberado depois que o atacante deixou a área. Tudo para que Luis Fabiano não fale antes da grande festa, programada para a tarde desta terça-feira, no Morumbi.
A apresentação do atacante são-paulino está marcada para começar às 17h desta terça-feira, com portões abertos. O evento é marcado pelo sigilo da diretoria tricolor, que evita dar detalhes da festa. Sabe-se, porém, que o goleiro Rogério Ceni, que no último domingo chegou ao 100º gol na carreira, também estará presente para ser homenageado pela marca – ele segue depois do grupo são-paulino para o Recife, onde o time enfrenta o Santa Cruz, pela segunda fase da Copa do Brasil.
Haverá também algumas atrações musicais, como o cantor Jair Oliveira, o Jairzinho. Alguns dos maiores ídolos do São Paulo também já confirmaram presença, como Raí, Careca e Zetti.
Luis Fabiano volta ao clube do Morumbi após sete temporadas na Europa. No Tricolor, em sua primeira passagem, ele disputou 160 partidas e marcou 118 gols. O atleta regressou ao Brasil na manhã de domingo e foi logo cercado pelo torcedor são-paulino. Antes de voltar ao país, ele passou as últimas três semanas fazendo fisioterapia com um membro do departamento médico tricolor, para se recuperar de um problema no joelho direito.
 fonte:http://globoesporte.globo.com/futebol/times/sao-paulo/noticia/2011/03/antes-de-festa-no-morumbi-sao-paulo-esconde-luis-fabiano.html

São Paulo espera 30 mil pessoas na apresentação de Luis Fabiano


fonte;http://globoesporte.globo.com/futebol/times/sao-paulo/noticia/2011/03/sao-paulo-espera-30-mil-pessoas-na-apresentacao-de-luis-fabiano.html

Portões do Morumbi serão abertos às 17h. Festa terá vídeo, apresentações musicais, ídolos do passado e Rogério Ceni como mestre de cerimônia.

Luis Fabiano no treino do São Paulo (Foto: Luiz Pires / VIPCOMM)A diretoria do São Paulo espera pelo menos 30 mil pessoas na apresentação de Luis Fabiano, nesta terça-feira, no Morumbi. Os portões do estádio serão abertos às 17h. A entrada é franca.
O evento começa às 17h30m com a exibição de alguns vídeos sobre a história de conquistas do Tricolor e também com um pouco da primeira passagem do atacante pelo clube, entre 2001 e 2004.
Haverá também algumas atrações musicais, como Jair Oliveira, Max B.O. e Andreas Kisser. Alguns dos maiores ídolos do São Paulo também já confirmaram presença, como Raí, Careca e Zetti.
O grande mestre de cerimônia será Rogério Ceni. O goleiro não viajará com o restante do elenco tricolor no começo da tarde desta terça-feira para Recife, local da partida contra o Santa Cruz, quarta, pela Copa do Brasil, justamente para participar da festa de Luis Fabiano.
Ceni vai receber o atacante no campo, por volta das 19h. O jogador fará uma saudação à torcida, reafirmando sua felicidade por retornar ao clube depois de sete anos na Europa. Na sequência, ele atenderá aos jornalistas.O clube colocou à venda camisas comemorativas da chegada de Luis Fabiano. O atacante já treinou no clube nesta segunda-feira, mas não teve contato com os jornalistas.

Luis Fabiano corta o cabelo no São Paulo (Foto: Rubens Chiri / Site oficial do São Paulo FC)Luis Fabiano dá um tapa no visual antes da festa (Foto: Rubens Chiri / Site oficia l do São Paulo FC

Ceni exclusivo: 'Treinei 15 mil faltas antes de arriscar a primeira num jogo'


Em entrevista ao Globoesporte.com, o goleiro são-paulino Rogério Ceni - agora com 100 gols - fala do seu lado artilheiro.

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Os pés e as mãos de Rogério Ceni, duas armas mortais (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Quando Rogério Ceni bateu a sua primeira falta em um jogo de futebol, em 1997, muita gente pode ter achado que o goleiro estava metendo os pés pelas mãos. Hoje, 14 anos depois e com 100 gols marcados, todos têm certeza que ele é craque seja com os pés, seja com as mãos.
Quando estava perto da marca centenária, o capitão tricolor concedeu uma entrevista exclusiva ao Globoesporte.com no Centro de Treinamento da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista. Num papo de quase 40 minutos, o goleiro falou do seu lado artilheiro. Rogério é grato até hoje aos técnicos que o incentivaram – principalmente Telê Santana, que o fazia chegar mais cedo aos treinos, e Muricy Ramalho, que lhe deu carta branca para bater uma falta numa partida – e até a quem o proibiu – Mário Sérgio foi o único que não deixou.Durante a conversa, Ceni cita um número impressionante. Antes de executar sua primeira cobrança num jogo, ele tinha treinado muito. Mas muito mesmo...
- Eu chegava sempre antes dos demais e era o último a ir embora. Treinei muito. Eram de 2.500  a 3 mil faltas por mês. Antes de colocar em prática num jogo, treinei mais de 15 mil faltas nesses campos aqui - fala, apontado para os três gramados do CT.
Acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista. E clique nos vídeos para assistir também.
GLOBOESPORTE.COM: Como surgiu a vontade de bater falta?
ROGÉRIO CENI:
 Em 1996, o São Paulo não fazia gols de falta. Eu falava pro Zetti bater, mas ele não queria. Aí disse pra ele que eu ainda iria fazer um gol de falta pelo São Paulo ou por outro lugar. E comecei a treinar. Em 97, quando o Muricy (Ramalho) me liberou para tentar as cobranças, fiquei feliz. Achava que não sairia da fase de treinamentos, e ele me possibilitou bater nos jogos.

Quantas cobranças em média você treinava?
No início eu batia entre 2.500 e 3 mil faltas por mês nos treinos. Antes da minha primeira cobrança em um jogo cheguei a cobrar 15 mil nos treinamentos.

Você fez gol de pênalti, de falta, até de bola rolando. Qual o gol que não fez e gostaria ter feito?
Teve um lance em que a bola passou muito perto, em um jogo contra o Paysandu, no Brasileiro. Eu chuto, ela vai na barreira, volta, e pego de voleio. Ia entrar, mas ela resvala em um adversário e sai. Seria um gol diferente. Lógico que eu queria ter feito um driblando todo mundo, mas nunca vai acontecer.
Ceni com folhagens ao fundo (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Rogério ainda tem contrato com o São Paulo até o fim de 2012  (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Faz falta não ter marcado um gol pela Seleção Brasileira?
De maneira nenhuma. Nada me faz falta na Seleção. Foi um momento bacana que vivi, não tão intensamente como no São Paulo, mas foi legal, conheci muita gente, aprendi muita coisa, vi como tudo funciona. Bati uma falta contra a Colômbia (em 2000), mas o zagueiro tirou na linha. Na cobrança, brinquei com o Rivaldo, que estava na bola comigo. Pedi: "deixa pra mim essa aí, você já está consagrado". Mas o zagueiro acabou tirando.
O que você leva em consideração quando bate uma falta?
O principal é a distância da barreira. Se o juiz a mantém na distância certa, dá para saber como arriscar. O número de jogadores nela também influencia. A cobrança muda se está chovendo ou está seco. Depende do vento, se ele contra preciso calcular a força.

Costuma estudar o goleiro adversário antes dos jogos?
Não estudo tanto, mas se a falta é mais longe, daquelas que eu não bato, eu presto atenção na movimentação do goleiro, se ele sai antes ou não, se toma gols no canto. Há uma porção de fatores que, naqueles dez segundos entre a armação da barreira, o apito do juiz e a batida, você desenvolve de forma automática: vê distância, vento, altura, posicionamento, gramado, chuva...

Você leva alguma vantagem por ser goleiro? Pois sabe como a bola chega para seu adversário...
O pênalti é muito mais calma e tranquilidade. Não pode haver ansiedade, isso conta muito mais do que a parte técnica. Tem goleiro que vai para um lado e para o outro. Você tenta induzir ao erro. Enfrenta um, tenta induzir, ele erra o canto, e na próxima vez aparece o jogo psicológico: ele acreditar que você vai repetir, ele tentar imaginar o que você fará.O que te falta na carreira?
Não falta nada até hoje, mas amanhã faltará. A partir de amanhã preciso mostrar que posso ganhar, ser campeão, vencer o próximo jogo, o próximo campeonato. Se eu achar que tudo está bom as coisas não progridem mais. Quanto mais você conquistar, melhor. Não estou satisfeito com o que fiz, quero mais, quero ganhar o próximo.
close nos olhos de Rogério Ceni (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Como capitão, Ceni fala olho no olho com os companheiros (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Te incomoda quando há alguém no grupo que não tem essa postura?
Incomoda a todos. O futebol hoje é diferente. Há muito apego a quanto o atleta custou, quanto pode render ao ser vendido. Hoje se passa muito a mão na cabeça. O que manda no futebol é a parte financeira. Você tem que fazer de conta que não vê e tentar contornar. Antigamente as coisas eram mais resolvidas entre jogador e treinador, mas hoje não. Há todo um processo, o clube não pode ter perda. Mas a maioria dos profissionais atualmente é dedicada, de chegar na hora certa, é difícil ter aquele que atrasa ou falta ao treino. Antigamente isso ocorria mais e era natural, a pressão hoje é maior.
Quais foram os técnicos mais importantes na sua carreira?
Não sei quantos técnicos tive. Devo muito ao Telê, que é um mito no São Paulo pelos títulos e pela pessoa que era: um cara sério, duro, mas justo. Aí veio o Darío Pereyra, o Muricy, que depois voltou e foi um baita cara vencedor. Tive o Levir Culpi que adorava, o Nelsinho (Batista) foi fantástico, me ajudou muito, o Paulo (César Carpegiani), o Vadão, o Oswaldo de Oliveira... O São Paulo sempre contrata caras de bom caráter, como o Paulo Autuori e o Leão, que era mais duro, mas era o nome certo para aquele momento.

Chilavert já batia faltas, mas depois de você surgiram outros goleiros-artilheiros. Sente orgulho do legado?
Eu nunca tinha visto o Chilavert fazer gol de falta. Na década de 90 não tinha canal fechado de TV, era difícil ver Campeonato Argentino. O primeiro gol dele que eu vi foi na decisão da Libertadores em 94. Foi a primeira vez e não foi por isso que comecei. Comecei porque gostava. Mas hoje eu vejo que alguns batem e fico feliz. Não é uma necessidade para se tornar um grande goleiro. Mas é um ingrediente legal. O futebol é um jogo, um espetáculo, os torcedores vão pra ver coisas bacanas, vão pra ver o diferente.
Equipe do Globoesporte.com entrevista Ceni no CT do São Paulo (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Rogério fala com a equipe do Globoesporte.com
Pode dar conselhos aos goleiros que decidirem seguir seu caminho?
Os do São Paulo observam mais. Às vezes antes de eles pedirem eu levanto e falo "a bola tem que rodar desse jeito". Mas cada um tem um estilo. O Leo (Leonardo) é o que bate mais semelhante ao meu jeito. Sei que lá em Cotia os meninos da base também treinam cobranças.

Tem algum goleiro que não tomou gol seu, mas você gostaria de ter feito?
Não penso no outro. Faço o gol pelo meu time e não por demérito ao adversário. Não quero dizer que sou melhor que ninguém.
Sofrer gol de outro goleiro é um desmerecimento?
Não, desde que não seja falha minha. O goleiro é um goleiro. O Chilavert bateu várias faltas em mim, mas fez um gol de pênalti em um 3 a 3 entre São Paulo x Velez na Argentina. Durante os 90 minutos foi o único que sofri, e foi uma pancada forte. Esperei, mas não peguei.

Rola provocação dos goleiros quando você vai arriscar um gol?
Eles brincam e dizem "pô, vai fazer gol em mim?" ou "chuta pra fora". Mas provocação nunca teve. Nunca tentaram fazer nada.
Toda vez que você vai tentar uma cobrança no campo do adversário sabe que corre o risco de ser surpreendido, o que já aconteceu duas vezes. Era um risco calculado?
Sim. O gol do Roger (São Paulo 4 x 3 Fluminense, pelo Rio-São Paulo de 2002) foi ilegal porque tínhamos quatro jogadores em posição irregular: três no círculo central e outro no campo deles. Não seria um gol. O França estava na bola, mas ficou desatento. Foi até bom porque foi um jogaço: fiz o 4 a 2, ele fez 4 a 3. Para a beleza do espetáculo foi um gol bacana, que gostei de tomar. Naquele dia o Gustavo Nery me deu uma gravata na hora da comemoração e eu não conseguia voltar pro gol. No jogo contra o Santos (São Paulo 1 x 2 Santos, pelo Brasileirão de 2005) o lance se originou em uma falta mal batida., que foi na barreira e voltou no Cicinho. Mas como veio forte ele não conseguiu dominar e ela escapou. Ai o Fabão recuou demais. O posicionamento correto seria ir no combate, aí já estaria antes da linha do meio-campo. Era para interpretar a regra com frieza. Se ele vai no cara, faz falta ou obriga o mesmo a tocar a bola para outro, que estaria impedido.
Em quem você se espelhou pra repor a bola com precisão?
No meu primeiro ano trabalhei com o Gilmar (Rinaldi), que estava no último ano dele. Ele tinha uma  reposição muito boa. O Alexandre, que faleceu em 92, tinha ótima reposição, e fui aprendendo. O Zetti estava aqui também. Todos treinavam diariamente, um repunha pro outro. Quando eu comecei, achei que jamais acertaria um cara a 50 metros de distância. Fui repetindo, e hoje é um movimento natural e os goleiros já começam uma jogada na reposição. Antes era só aquele balão pro alto.
No dia 7 de setembro você vai completar 21 anos de São Paulo e sabe o peso que isso tem para a torcida. É o último romântico do futebol?
Não me sinto assim, mas, se pra mim é importante estar aqui, imagino que pro torcedor, que é apaixonado pelo clube, também seja. A torcida brasileira sofre de uma carência relativamente grande de ídolos, apesar de o Brasil estar com a moeda fortalecida e trazendo gente de volta. Mas eu acho que é uma marca relativamente impressionante pelo tempo e pelo número de jogos. Eu me machuquei pouco, fiquei poucas partidas fora. Isso é legal pro torcedor. Aquele mais velho, que viveu as décadas de 50 e 60, sabia de cor os 11 titulares do time, que raramente mudava. Mas hoje não é assim. É um orgulho para o torcedor ter esse apego e essa identificação com determinados atletas.
O Raí diz que você é o maior ídolo da historia do São Paulo. Concorda?
O São Paulo é um clube com mais de 70 anos, e cada jogador foi importante para a sua época. Talvez uma pessoa de 80 anos possa ter outros ídolos como referência. Mas acho que faço parte de uma fatia de jogadores que são especiais no clube. O Raí é um deles. Para mim, ele é o maior jogador da década de 90 no São Paulo. Aí vamos buscar Pedro Rocha, Roberto Dias, Careca, cada época tem os seus. Não me considero o maior ídolo. Sempre via o Raí e pensava: "como vai ser quando ele parar?" e "teremos outro Raí?" Ele parou, e nós conseguimos ganhar Mundial, Libertadores e Brasileiro. Cada um tem seu tempo. Eu vou ficar marcado na memória do torcedor por essa ultima década, esses últimos dez ou 15 anos. Mas seria impossível responder quem é o maior. É muito abrangente. Faço parte de uma galeria de ídolos que escreveram a história do clube.
Aos 38 anos, a carreira está chegando ao fim. Está preparado?
Jogo mais quatro ou cinco anos, e aí tudo acaba (risos). Eu procuro não pensar. Sei que deveria, mas hoje prefiro viver dia após dia, ver se consigo fazer o São Paulo vencedor. Não quero viver hoje o que vai acontecer daqui a dois anos. Vai ser um momento muito complicado, é uma vida toda nessa profissão. Não é que vou mudar de empresa, eu vou mudar o que escolhi para a minha vida. Espero estar preparado e entender da melhor maneira possível. Mas acordar o dia seguinte vai ser uma experiência difícil.
Close dos pés de Ceni (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)